Milhões de brasileiros não tem teto não tem chão
Eu sou apenas mais um na multidão
Não vai pra grupo com minha calça, minha peita, minha lupa
Se canto rap aí, não se iluda.
Alá! to vendo a cena vai chover e o rio vai transbordar
E meu castelo de madeira vai alagar.
Isento de imposto eu mesmo abraço com meus prejuízos
Natural sofrer se os cordões são indecisos.
Mil avisos, periferia desestruturada
Mil muleque louco, no crime mostra a cara.
Centenas de vezes vi a cena se multiplicar
Quando cheguei ate aqui não tinha ninguém agora tem uma pá.
Muleque doido eu enfrentei o mundão de frente
Ausente em várias “fita” bandido filho de crente
No pente, desilusão, dinheiro, mulher
Mais pra frente se deus quiser mais resistente à fé
Rumo ao centro calos nas mãos multidões
Toda essa rebeldia reforça os refrões
Talvez você não saiba do herói que vive a guerra
Com uma marmita fria sem mistura eu sou favela
Vivi pensando a vida inteira em fazer um regaço
Mas agora que conquistei meu sonho, aquele abraço.
Mas não importa se chão de terra tem poeira
Realizei meu sonho, meu castelo de madeira.
Refrão
Sou príncipe do gueto só quem é desce, sobe a ladeira
Sou príncipe do gueto e meu castelo é de madeira.
Sou príncipe do gueto só quem é desce, sobe a ladeira
Sou príncipe do gueto e meu castelo é de madeira.
Hoje já choveu já ventou to de cara
Em saber que meu castelo suporta tudo menos fogo e bala.
Suporta dor, minhas crenças, minhas loucuras
Suporta ate minhas “cabreiragem” com a viela escura.
E o sobe e desce de uns “nóia” na fissura
Chave de cadeia se trombar com a viatura
Vida dura, brotou o espinho não a rosa
Quebrada querida vida bandida verso e prosa.
Meu orgulho, um rádio velho toca fitas
Rap nacional tocando é o que liga.
Às sete da noite a luz elétrica cai
Se a comunitária sai do ar... aí vai.
Coloco aquela fita de “drão bambambam”.
Um cérebro sobre rodas finado “coban”.
As crianças me vêem como um adulto equilibrado
Não sabem das minhas “fitas” nem dos meus pecados.
E os aplausos deixem pra depois
Quebrada querida mãe, é só nos dois
Vou lutar pra ser vencedor nessa porra
“desbaratinar” vidinha podre sodoma e gomorra
Deus criou o mundo, e o homem criou o dinheiro
Crack e cocaína, bebida e puteiro
Mas não importa se chão de terra tem poeira
Aqui! é meu castelo de madeira.
Refrão
Sou príncipe do gueto só quem é desce, sobe a ladeira
Sou príncipe do gueto e meu castelo é de madeira.
Sou príncipe do gueto só quem é desce, sobe a ladeira
Sou príncipe do gueto e meu castelo é de madeira.
Do lado de cá, do lado de lá
“treta” todo dia sem parar
Do lado de lá, do lado de cá
É sempre a mesma coisa “mano”, o que quê eu vou falar
Você sabe o que o sistema faz, ignora!
E trás problema psicológico, tensão é “foda”.
Descaso, humilhação transtorno permanente
Eu vi até uma família de crente espancar um parente.
Que amanheceu no outro dia em coma
Alcoolizado, drogado, traumatizado foi pra lona
Dez horas depois, perícia, policia, ambulância
E o parente que bateu chorou, igual criança
Esse é o sintoma da doença que me afeta
Ganhei de cortesia mau humor e as frestas
Não a festa, porque sorrir é difícil entenda
Sou verdadeiro e não lenda
Hoje já choveu oh, “mô” neurose
Nem costumo beber, até tomei uma dose.
Talvez pra clarear ou esconder os problemas
Mil “fitinha” acontecendo esse é meu dilema.
Coisa de louco, abrir a janela e ver no esgoto
Cachorro morto, sentir o mau cheiro e o desconforto
E junto com a lama, o drama, a sujeira
“brasilit” no calor é um inferno, mô canseira
Sonhar, sonhar, querer não é poder
Tem que ser “mano”, fazer jus ao proceder.
Pros “cu” que tem dinheiro e luxo é constrangedor
Me ver “empreguinado” aqui com ódio e rancor.
Sonhei com tudo isso a vida inteira
Realizei meu sonho, meu castelo de madeira.
E é treta todo dia, todo dia, o dia inteiro
Só falta construir um banheiro
Refrao
Sou príncipe do gueto só quem é desce, sobe a ladeira
Sou príncipe do gueto e meu castelo é de madeira.
Sou príncipe do gueto só quem é desce, sobe a ladeira
Sou príncipe do gueto e meu castelo é de madeira.
compositores: Demis Preto Realista
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