Quando eu saio pra um surungo eu traquejo bem as melena
Dou uma afiada nas chilenas pra cutucar meu matungo
Dou-lhe boca no peludo, a distância pouco me importa
Depois de eu sair, só volto quando terminar o surungo
Frouxo o arreio do pingo e tomo um trago de cachaça
Saio torcendo a carcaça numa vaneira baguala
Com a mais linda da sala, pode ser loira ou morena
Enquanto as minhas chilenas me mordem as franjas do pala
Num rancho de chão batido, coberto de santa-fé
Bombacha varrendo o chão tapando a ponta do pé
O salão tapa de poeira e eu rodeado de mulher
O palanque da ramada eu deixo amarrado o meu baio
Me carrega quando eu saio e não tem pressa quando eu venho
No amor me desempenho, por china que eu considero
Não tenho todas que eu quero mas amo todas que eu tenho
Saio na boca da noite, volto de manhã bem cedo
No meio do mulheredo, qualquer um chineiro se arrisca
Quem não arrisca não petisca pois sei que o amor é um jogo
Mulher que não pega fogo eu faço saltar faísca
Quando ronca uma cordeona, meu cavalo murcha a orelha
Na casa da luz vermelha ele se empaca e não passa
Com duas chinas lindaças saio tentiando o retoço
Uma me morde o pescoço outra belisca e me amassa
E eu me viro num capeta no meio da mulherada
Umas dançando pelada esbanjando formosura
Rebolam que é uma loucura que a gente nem se governa
Enxergando um par de perna mais grossa do que a cintura
Por lá o cambicho se "apluma"
Vamo até o romper da aurora
Retoço de uma por uma
E depois me cambeio embora
compositores: ANTONIO CESAR PEREIRA JACQUES
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