É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte,
É o laço, é o anzol...
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo,
É o queira ou não queira...
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março,
É o fim da canseira...
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte,
É um pedaço de pão...
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego,
É uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando,
É uma conta, é um conto...
É um peixe, é um gesto,
É uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana,
O estilhaço na estrada...
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte,
É um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã...
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração...
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão,
É um corte no pé...
São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração...
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte,
É um sapo, é uma rã
É um belo horizonte,
É uma febre terçã...
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração...
compositores: Antônio Carlos Jobim
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