Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar...
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar...
Como fui levando
Não sei lhe explicar...
Fui assim levando
Ele a me levar...
E na sua meninice
Ele um dia me disse
Que chegava lá...
Olha aí!
Olha aí!
Olha aí!
Aí o meu guri
Olha aí!
Olha aí!
É o meu guri
E ele chega...
Chega suado
E veloz do batente
E traz sempre um presente
Prá me encabular...
Tanta corrente de ouro
Seu moço
Que haja pescoço
Prá enfiar...
Me trouxe uma bolsa
Já com tudo dentro
Chave, caderneta
Terço e patuá...
Um lenço e uma penca
De documentos
Prá finalmente
Eu me identificar...
Olha aí!
Olha aí!
Aí o meu guri
Olha aí!
Olha aí!
É o meu guri
E ele chega...
Chega no morro
Com o carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador...
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Está um horror...
Eu consolo ele
Ele me consola...
Boto ele no colo
Prá ele me ninar..
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado
Já foi trabalhar
Olha aí!
Olha aí!
Aí o meu guri
Olha aí!
Olha aí!
É o meu guri
E ele chega...
Chega estampado
Manchete, retrato
Com venda nos olhos
Legenda e as iniciais...
Eu não entendo essa gente
Seu moço
Fazendo alvoroço
Demais...
O guri no mato
Acho que tá rindo
Acho que tá lindo
De papo pro ar
Desde o começo
Eu não disse
Seu moço
Ele disse que chegava lá...
Olha aí!
Olha aí!
Olha aí!
Aí o meu guri
Olha aí!
Olha aí
É o meu guri...(3x)
compositores: FRANCISCO BUARQUE DE HOLANDA
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