A minha dor é mais que uma dor cigana
A minha dor também fica em São Miguel
É lá de baixo lá de baixo não se engana
Não é preciso que se passe pro papel
A minha dor tá encarnada no menino
Sorveteiro, duro e franzino
Que não passa de um figurino
Pra manter o que não tem
A minha dor tá na boca da menina
Tronxa, mole, nova e franzina
Que alimenta a margarina
E vegeta como um trem
A minha dor é mais que uma. . .
A minha dor tá no olhar da minha velha
Enrugada por Amélia
Faladeira sem corbélia
Que sonhou e só sonhou
A minha dor tá no riso do meu pai
Que dispensou o satanás
Pra casar com outros ais
E se gravou dizendo amém
A minha dor é mais que uma . . .
A minha dor me fez louco de bandeja
Gás da Nitro é quem me beija
Meu amor me proteja
Já mudei da Lajeado
Essa dor canto tem no vento a sutileza
De cantar a dor que é a mesma
Dor que anda em toda mesa
Onde sentam os inocentes
compositores: E. Santana
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