Eu não sei se ele era antigo e tava congelado,
Se era alguém que tinha morrido e foi ressuscitado
Ou se veio do futuro teletransportado,
Se era um ser de outro planeta e tava disfarçado
Eu só sei que no começo ele nem foi notado,
Carregando o seu sorriso e observando tudo
Muito medo e muita raiva por todos os lados,
E ele calmo, protegido por um belo escudo
Caminhava devagar mas ia sempre em frente,
E tratava sempre igual todo tipo de gente
Corajoso e consciente do poder do amor,
Entendia da alegria e também da dor
Espalhava poesia até sem dizer nada,
Num momento em que ninguém queria ouvir ninguém
Seu silêncio era sincero e nos lembrava
Que a verdade pode ser manipulada pro mal ou pro bem
Pouca gente dava ouvidos pro que ele dizia,
Preferiam suas próprias frases feitas
Não queriam abrir os olhos nem abrir caminhos,
Tão fechados nas esquerdas e direitas
As pessoas em geral nunca estão satisfeitas,
Sempre querendo estar onde não estão
Se o João tem uma visão e o José não aceita,
O José arranca os olhos do João
Pedro vê José sorrindo e quer vingança por João,
Então fura os olhos de José com pregos
E assim, olho por olho e dente por dente,
Ninguém mais pode sorrir e todos ficam cegos
Banalizam a violência e a coerência some,
Já não sabem se são homens ou são ratos
Dominados por aquilo que consomem,
Acreditam mais nas fake news do que nos próprios fatos
Uma luz brilhou por cima das nuvens
Tempestade era rotina mas o céu se abriu
Uma brecha fina era um raio intenso
Mas o clima estava tenso e quase ninguém viu
Quando alguém sorriu um sorriso raro
Que não era pra uma selfie nem para um comício
Quase todos já marchavam rumo ao precipício
Mas a voz era tão linda e todo mundo ouviu
Sussurrando palavras de união
Desarmando granadas no nosso peito
Uns olhando pros outros e essa visão
Nos mostrando que somos tão imperfeitos
Se o antídoto é feito do veneno
Nenhum grande é maior do que o pequeno
Se o passado é a semente do futuro
Nenhum claro é mais puro que o escuro
Se um sábio subiu em cima do muro
Foi pra olhar com mais calma pros dois lados
E entender que o curral tava cercado
E que o nosso caminho é um só
O povo heroico não tá só no hino,
Talvez seja o nosso destino ser fortes
Lutar de verdade por dignidade,
Por mais independência e menos mortes
Quem nos divide é pra nos dominar
E o mapa da mina pra quem nos domina é a gente que dá
Pra nos derrubar igual dominó da maneira mais fácil
Criando um espaço entre as peças
As peças que unidas seriam espessas
Mas eles nos querem batendo cabeças gritando palavras de ordem
Em cada um de nós tem um gigante dormindo
E quem nos divide não quer que os gigantes acordem!
Sussurrando palavras de união
Desarmando granadas no nosso peito
Uns olhando pros outros e essa visão
Nos mostrando que somos tão imperfeitos
compositores: Gabriel o Pensador
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