Sentei-me um dia junto ao tronco da figueira
Que faz a sombra do terreiro no ranchito
Pra contemplar a tarde linda que chegava
E a cor de anil no azul do infinito
Que coisas lindas sentir o cheiro do gado
O descampado cheio de flores silvestres
Milhões de abelhas num revoado amorioso
E o verde lindo que a pampa servi de a veste
Desceu a tarde linda e mansa sobre os campos
E o pôr do sol foi chegando a despacito
A onda verde galopante dos trigais
Embelezando mais esse solo bendito
Então chegou a noite linda e estrelada
E na calada só pirilampos se via
Como estrelinhas rebrilhando em seus piscares
Que só se apagam ao raiar de um novo dia
Fiquei tão longe tão distante de mim mesmo
A contemplar a natureza sem igual
Arranquei rimas e poemas deste peito
Aonde pulsa um coração xucro e bagual
Só peço a deus em minhas súplicas ardentes
E a rima quente do verso com afago
Quando chegar a fria morte sem tenência
Não me deixe morrer longe do meu pago
compositores: Márcio Dias
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