Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego do meu lar
No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajuntava
Lá no alpendre a conversar
Meus pais não tinham
Nem escola, e nem dinheiro
Todo dia, o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso, seu olhar
Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava
Quem fizera estrepolia
E mamãe nos defendia
E tudo aos poucos se ajeitava
O sol se punha
E a viola alguém trazia
Todo mundo então queria
Ver papai cantar com a gente
Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar no sol poente
Correu o tempo
Hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Enquanto muitos não a tem
Agora falam
Do desquite e do divórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém
Há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais
Se os pais amassem
O divórcio não viria
Chame a isso de utopia
E eu a isso chamo paz
compositores: JOSE FERNANDES DE OLIVEIRA
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