Quem sabe porque eu escrevo este diário
Por amor ao pecado, talvez
Essa cidade entrou pelos setes buracos da minha cabeça
E eu não consigo mais respirar, sem ser invadido pelo desejo
Sou seguido por vários invertidos
Cada vez que saio às ruas
Formasse um espécie de cortejo atrás de mim
Desprendido de meu país
E mesmo assim ele renasce em mim
Como uma dor que renasce a todo instante
Anunciada por um calafrio na espinha
Creio que está nascendo um outro eu, mais um
Que ainda não conheço
Tenho um sonho recorrente
Com uma sala onde estou rodeado de homens, mulheres
Quase todos nus em um transe hipnótico
Entrelaçados, uivando a luz da lua
De repente estou num quarto cuja janelas tem grades
Estou próximo ao mar, um mar que tem tubarões mas não escolho ficar
Penso que no final, o Brasil é essa dor que vive em mim
Corto uma mecha dos pelos de cada amante e guardo como um souvenir que me lembre que ainda estou aqui, vivo, na cidade do desejo
E pela primeira vez em minha vida, a vontade de ser me abandona e sou possuído pela vontade de viver
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