Eu sou o Tenebroso, o Irmão sem irmão,
O Abandono, Inconsolado,
O Sol negro da melancolia
Eu sou Ninguém, a Calma sem alma
Que assola, atordoa e vem
No desmaio do final de cada dia
Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei
O samba-sem-canção, o Soberano
De toda a alegria que existia
Eu sou a Contramão da contradição
Que se entrega a qualquer deus-novo-embrião
Pra traficar o meu futuro por um inferno mais tranquilo
Eu sou nada e é isso que me convém
Eu sou o sub-do-mundo e o que será
Que me detém?
Eu sou Nada e é isso que me convém
Eu sou o sub-do-mundo e o que será...
Eu sou o Poderoso, o Bababã,
O Bão! Eu sou o sangue, não!
Eu sou a Fome do homem
Que come na brecha da mão de quem vacila
Eu sou a camuflagem que engana o chão
A Malandragem que resvala de mão em mão
Eu sou a bala que voa pra sempre,
Sem rumo, perdida
Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei
Eu sou o Morro, o Soberano da Alegoria
Que foi a minha vida
Eu sou a execução, a perfuração
O terror da próxima edição dos jornais
Que me gritam, me devassam e me silenciam
Eu sou nada e é isso que me convém
Eu sou o sub-do-mundo e o que será, o que será
Que me detém?...
compositores: JOAO LUIZ WOERDENBAG FILHO
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