Minha alma chora‚ vejo o Rio de Janeiro
Rio do desterro‚ samba‚ funk‚ telecoteco e James Brown
Vejo a anatomia de um abraço numa lápide indefesa
Cristo Rendido‚ paixão‚ telenovela e carnaval
Aqui o narciso é carioca‚ não morre afogado‚ mergulha‚ dá um jeito
Se transforma em peixe ornamental
E o Rio se devora e se repele numa fantasia triste
Em ser um capacho alegre‚ sempre da maneira mais atual
Esse é o samba da caixa preta
Salve o samba‚ nós temos samba
Esse é o arremedo de suingue‚ balanço‚ funk‚ telecoteco?
Esse é o aconchego indulgente das águas de março fechando o verão.
Fechando o verão?
Esse é o narciso se achando esperto por não dar bandeira de afogado
Se afoga narciso‚ pelo menos isso
Se afoga narciso‚ compromisso é compromisso
Se afoga narciso‚ avec elegance‚ esperteza tem hora
Se afoga narciso
Sobe o morro‚ desce o asfalto
Bala perdida‚ mãos ao alto!
Não sei se corro
Não sei se calo
É a Rocinha‚ é o Cantagalo
Não tem sujeira‚ é o verão
Sem promessa de vida pra qualquer coração
É a polícia‚ é o emergente da Barra
É a Tijuca‚ é a Guanabara
Rio‚ me abraça com todos os teus restos
Que eu sou tua cria‚ subproduto do subproduto
Rio‚ me abraça com a tua decadência que eu te chamo de
Maravilhosa precariedade na permanência
Maravilhosa precariedade na permanência
Maravilhosa precariedade na permanência
Maravilhosa precariedade na permanência
Maravilhosa
compositores: Lobão
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