Toda vez que eu viajava pela estrada de ouro fino
De longe eu avistava a figura de um menino
Que corria abrir a porteira depois vinha me pedindo
Toque o berrante seu moço que é pra me ficar ouvindo
Quando a boiada passava que a poeira ia abaixando
Eu jogava uma moeda ele saia pulando
Obrigado boiadeiro que deus vá lhe acompanhando
Daquele sertão afora meu berrante ia tocando
No caminho desta vida muito espinho eu encontrei
Mas nenhum calo mais fundo do que isto que passei
Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei
Vendo a porteira fechada o menino não avistei
Eu galopiei com meu cavalo num ranchinho beira-chão
Vi uma mulher chorando quis saber qual a razão
Boiadeiro veio tarde veja a cruz no estradão
Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração
Lá pras bandas de ouro fino levando o gado selvagem
Quando passo na porteira até vejo a sua imagem
O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem
Daquele rosto trigueiro desejando me boa viagem
A cruizinha do estradão do pensamento não sai
Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais
Nem que o meu gado estore que eu precise ir atrás
Nesse pedaço de chão berrante eu não toco mais
compositores: LUIZ RAYMUNDO, TEDDY VIEIRA DE AZEVEDO
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