Eu sou um caboclo criado no mato
sertanejo nato e não nego a raiz
Levanto bem cedo e calço a butina
luta matutina que o destino quis
O sistema é bruto, mas to preparado
tenho do meu lado minha flor de liz
Eu sou caboclo que tenho a mão grossa
do peso da roça, mas eu sou feliz
Levanto bem cedo e pego o balaio
o milho eu espalho lá no mangueirão
Vejo a passarada cantando com gosto
vou banhar meu rosto lá no ribeirão
De volta pra casa eu tomo um café
eu rezo com fé e vou pro roçado
Essa é a luta do meu dia-a-dia
com muita alegria e Deus do meu lado
No ventre da terra semeio a semente
espero contente e sem desespero
Eu planto em setembro na lua minguante
pra colher bastante no fim de janeiro
Eu levo a colheita para o terreirão
e com muita atenção separo primeiro
guardo arroz em casca e feijão na moinha
fubá e farinha dá pro ano inteiro
Só na cidade cada quinze dias
mas levo a família sempre do meu lado
Vou de preferência na sexta-feira
Pra comprar na feira o mais precisado
De volta a palhoça depois do jantar
nós vamos deitar feliz com o amor
Eu sou um caboclo privilegiado
e abençoado por nosso senhor
compositores: DJALMA WOLFF, ZE GAUCHINHO
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