Sou da terra de ninguém
Onde quem tem manda em quem não tem
Meu país é rico, só divide mal sua riqueza
Muitos com pouco, poucos com muito,
E tratam com frieza quem é de origem favelada,
Vida abalada, dura caminhada
Nosso país com dimensões continentais
Quem não tem quer ter,
Quem tem, quer ter mais
Deixa tudo desigual,
Gente analfabeta no cenário atual
Não pode ser normal ver
Muita adolescente sendo mãe fora de hora
Marca sua vida com o pai que vai embora
É comum do lado de cá
A escola abandonada
Por quem tem que trabalhar
Desiguala, a minoria rica não se abala,
Vive trancada, escondida num condomínio
Assistindo da área VIP um extermínio
De um povo que luta
Sem as armas adequadas,
Várias vidas foram dizimadas,
Histórias apagadas,
Relações de conflitos foram geradas,
Quem é preto como eu
Fica indignado quando vê o boy
Tomando o espaço que é seu
Quem não se indigna
Não vai fugir da cena,
E vai seguir permitindo
A mão que assassina...
Transformação quando visto meu manto
Hora do combate,
Então enxugue o seu pranto
Vivo o que canto,
Meu orgulho talvez cause espanto,
Balanço e levanto,
Por isso eu to de pé
Reto e direto pra quebrar o encanto
Em cada canto,
Depende da sua fé,
É nós que tá, pra mudar por enquanto
Só no adianto...
O tempo não para,
Tem gente que apanha
E não toma vergonha na cara
Ficaram parados no tempo
Envaidecidos dividiram o movimento
Veja só o rap,
Virou o partido da cara feia
Estão mais preocupados
Em cuidar da vida alheia,
Com grandes bonés,
Pequenas ideias,
Falso reinado, coroa de rei,
Castelo de areia,
O discurso envelheceu
Até a favela no meio da miséria cresceu
Tem vídeo-game de última geração, tênis bom,
Na velocidade que tá no momento
Não dá pra manipular
Com esse tipo de pensamento
Que vem de dentro da favela ao centro
Existe um lamento embutido no sentimento
Que não deixa calar a Voz que tá no ar
A chama combativa não pode se apagar
Há muita coisa a ser mudada
Não quero fazer parte do bonde
Dos que só falam e não fazem nada,
Sem se mover, cada um no seu lugar,
Perderam a capacidade de se indignar
Só tem força quando é nós, contra nós
Na frente do opressor baixa cabeça e perde a voz,
O mesmo opressor é aquele que faz as leis,
Desfavorece nós pra não chegar a nossa vez
Sem timidez, não me canso
Enquanto não tiver avanço,
Com poucos aliados
Pois nosso povo é manso,
Só vira bicho quando o assunto é futebol
Nudez no carnaval, latinha de Skol,
É tipo cirurgia sem anestesia,
Bebendo do veneno entorpecente
Todo dia, seguindo a cartilha
Que aprisiona a mente,
Parece que essa gente está doente...
Transformação quando visto meu manto
Hora do combate,
Então enxugue o seu pranto
Vivo o que canto,
Meu orgulho talvez cause espanto,
Balanço e levanto,
Por isso eu to de pé
Reto e direto pra quebrar o encanto
Em cada canto,
Depende da sua fé,
É nós que tá, pra mudar por enquanto
Só no adianto...
(Parte cantada por Chuck D)
Transformação quando visto meu manto
Hora do combate,
Então enxugue o seu pranto
Vivo o que canto,
Meu orgulho talvez cause espanto,
Balanço e levanto,
Por isso eu to de pé
Reto e direto pra quebrar o encanto
Em cada canto,
Depende da sua fé,
É nós que tá, pra mudar por enquanto
Só no adianto...
compositores: Alex Pereira Barboza, Kleber Geraldo Lelis Simoes, Carlton Douglas Ridenhour
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