Eu cravaria meus dentes na tua garganta
Pra te morder as mentiras que saem da boca
Te deixaria mais rouca
Muito mais rouca que antes
Eu vomitei, nesse instante, uma estranha toada
Uma harmonia inflamada, um som gutural
Eu tô gastando canção, minha função principal
Derramando verso a quem não vale uma vogal
Ando bebendo bastante com desconhecidos
Que me doaram os ouvidos tão impessoais
Eles são loucos demais
E confio muito mais neles
E eu, tendo tanto quereres, te peço somente
Mesmo que rapidamente uma reflexão
Leonino que sou, lua em Escorpião
Não vejo motivo em te fazer uma canção
Minha garganta repele o que trazes nos dentes
Arrepiando verdade nos pelos da nuca
Pra levantar minha voz
Com as mentiras de sempre
E este soneto arcaico que nem me ′assoneto
Forte remédio pras dores mais sentimentais
Eu mastigando ilusão, meu alimento real
Temperando amor pra quem não vale água e sal
Eu cravaria meus dentes na tua garganta
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