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Entrevista: O Rappa

20 de julho de 2009, 16h28, por Da redação, por Tatiana Pires

O quarteto carioca O Rappa começa a preparar em agosto o primeiro DVD de carreira. A gravação será no Rio de Janeiro. Detalhes do novo trabalho, como nome do álbum e previsão de lançamento estão sendo definidos.

O grupo formado por Marcelo Falcão (vocal), Lauro Farias (baixo), Xandão Meneses (guitarra) e Marcelo Lobato (bateria) e Marcos Lobato (tecladista), atualmente está na estrada com o show do sétimo disco, “Sete Vezes”.

Nas lojas os fãs podem encontrar os DVDs “Acústico MTV”, “O Silêncio que Precede o Esporro” e “7 Vezes” que foram produzidos pela gravadora com compilações de alguns shows.

Em entrevista ao Kboing, Marcelo Lobato fala dos projetos que o grupo tem desejo de realizar. “Talvez O Rappa fosse capaz de fazer música para cinema, por exemplo”. Confira:

Kboing – Grande parte das músicas da banda retrata o cotidiano típico das periferias e a política no país. Como surge a inspiração para compor?
Marcelo Lobato –
Às vezes são imagens que ficam registradas e desenvolvemos o tema. Pode ser uma situação cotidiana que é inerente ao grupo. O importante é que seja autêntico e que a música valorize o tema. Nunca sacrificamos uma canção pelo texto. São coisas que caminham juntas

Kboing – O Rappa associado à música de protesto incomoda o grupo?
Marcelo Lobato –
Não incomoda, mas não é verídico. O nosso engajamento é o mesmo de qualquer pessoa que anda nas ruas e enxerga as coisas com alguma nitidez. Nunca tivemos uma atitude messiânica com relação ao nosso público. "Faça isso" "Isto é o certo". É importante que as pessoas tenham sim, livre arbítrio e não se deixem levar pelos primeiros indícios.

Kboing – Com sucesso dentro e fora do país e sete discos gravados, o Rappa, musicalmente falando, ainda tem algum projeto que não foi feito?
Marcelo Lobato –
Ainda há muita coisa interessante que podemos fazer ou estarmos associados. Quando se escuta todo tipo de som, as possibilidades se tornam infindáveis. O Brasil tem uma riqueza cultural ainda pouco explorada e pesquisada. Com a facilidade de comunicação entre bandas e músicos de fora e dentro do país, às vezes fica até difícil escolher uma direção somente. Talvez O Rappa fosse capaz de fazer música para cinema, por exemplo.

Kboing – Como foi o processo de composição para o "7 Vezes"?
Marcelo Lobato –
Existe uma maturidade maior musical. A densidade de timbres, a busca por um som mais orgânico com o mínimo de edições ou loops, próprios de outros trabalhos. Os takes de gravação eram todos do começo ao fim sem retoques. Tivemos que ficar um ano tocando juntos e exercitando o trabalho em estúdio. Ao final desse período, tínhamos mais de cem bases que culminaram nas catorze faixas do cd. As letras, por sua vez, também eram inúmeras e escolhemos aquelas que tinham mais a ver com o nosso momento atual. São formas diferentes de ver situações ainda mais corriqueiras no nosso cotidiano. São situações limite, principalmente do indivíduo que vive nos grandes centros.

Kboing – A última vez que O Rappa havia lançado um CD de inéditas foi em 2003, com “O Silêncio que Precede o Esporro”. Gostaria que vocês comentassem sobre esse intervalo até o lançamento do álbum “7 Vezes”.
Marcelo Lobato –
Foi um período de amadurecimento, com certeza. Estávamos fazendo muitos shows e emendamos a turnê do “Silêncio que Precede o Esporro” e a do disco Acústico MTV. O segundo tratáva-se de regravações e não esperávamos que fôssemos fazer tantas apresentações. Ficamos um ano em estúdio criando mais de cem bases. Daí saíram as 14 faixas do álbum.

Kboing – Atualmente a banda está realizando turnê de shows do álbum “7 Vezes” e vocês já pensam em um novo trabalho?
Marcelo Lobato –
No momento, estamos concentrados e preparando o material para o nosso primeiro DVD de inéditas na nossa carreira.

Kboing – Como vocês analisam a trajetória d’ O Rappa?
Marcelo Lobato –
É um privilégio, no Brasil, pertencer a uma banda como a nossa. Sem querer ser arrogante, conseguimos fazer o nosso som, do jeito que escolhemos e no nosso tempo. É algo raro num mercado imediatista e bastante superficial como o nosso.
Temos poucas obras comparadas a outros grupos com o mesmo tempo de carreira. Mas pelo menos, tivemos a sabedoria de realizar trabalhos bastante consistentes. A gravadora exerce pouca pressão neste sentido. Ou seja, é algo que orgulha a gente e ainda nos proporciona aproveitar um espaço ocioso da mídia para divulgar projetos importantes.

Kboing – Quais são estilos musicais que influenciam a banda?
Marcelo Lobato –
Ouvimos de tudo. Gostamos de Bebeto, Jorge Benjor, Led Zeppelin, Black Uhuru, Capleton, Sizzla, King Sunny Adé, James Brown, Gonzagão, Gil, Stravinsky, Debussy, Ravel, Ali Farka Touré, Radiohead, Kraftwerk, Guitarrada, Linton Kwesi Johnson, Beatles, Ramones, Alice in Chains...Enfim, não fazemos diferenciação.

Kboing – Deixe um recado para os fãs, por favor.
Marcelo Lobato –
Nunca façam nada de que vocês se arrependam. Ou nunca se arrependam do que fizeram. Ou seja: tudo é tudo e nada é nada.

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