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Titãs: com letras bem mais ácidas, grupo fala sobre novo disco

22 de maio de 2014, 10h09, por Amanda Ramalho

Em tempos que se respira Copa do Mundo, muito se fala em manifestações, busca por direitos, luta contra o racismo, miséria, homofobia e tantas outras situações que distorcem a vida da sociedade, eles cutucam um pouco mais e tentam tirar a peneira do sol.

Oficial: Marcos Hermes

Não é de hoje que a banda Titãs 'bota o dedo na ferida' e fala através dos versos de suas canções o que muitos não querem enxergar. O novo disco então... huummm... "NHEENGATU" foi lançado no início deste mês, trouxe 14 faixas que navegam na ideia da Torre de Babel e entre trechos como "Você também é explorado. Fardado. Você também é explorado!" e "Cansei da fome, do crack, da miséria e da cachaça. Cansei de ser humilhado", o grupo faz a sua parte para quem sabe chacoalhar os adormecidos.


Kboing – Por que a escolha "NHEENGATU", qual o significado?
Tony Belloto:
Nheengatu é a língua geral compilada pelos jesuítas no século XVII, para que portugueses e índios pudessem se entender. Quase tudo o que conhecemos de tupi guarani hoje em dia, é Nheengatu.

Divulgação"Está bem mais ácida a pegada desse CD", ressalta Tony Belloto sobre novo disco

Kboing – Não é de hoje que o repertório de vocês vem repleto de letras que falam sobre temas atuais discutidos por um e ocultados por outro. O novo disco chega nessa pegada ou está um pouquinho mais "ácido"?
Tony Belloto:
Está bem mais ácida a pegada desse CD. Porrada!!!

Kboing – A propósito, como foi a produção de  "NHEENGATU"?
Tony Belloto:
Trabalhamos por anos, depurando as músicas, letras e o conceito. Queríamos fazer um disco pesado de rock, mas que contivesse elementos de brasilidade. E assim acabamos optando por falar do Brasil atual nas letras. Na hora de gravar, convidamos um jovem produtor de rock, que vem se destacando, o Rafael Ramos.

Kboing – A música, talvez ao contrário de um discurso imposto, fica na mente refletindo no inconsciente por dias. Hoje é mais fácil passar uma mensagem ou o volume constante de informação é mais prejudicial?
Tony Belloto:
É paradoxal, concordo. Existe mais facilidade de trânsito de comunicação, mas por outro lado, existe um tremendo congestionamento de informação. O importante é fazer coisas boas, com personalidade e relevância. Essas coisas se destacam naturalmente da grande massa de informação.

Kboing – Se pudessem escolher uma música deste disco para representar a atual fase do Brasil, qual seria e por quê?
Tony Belloto:
Escolhemos as 14. As que estão gravadas! Uma música só não tem a capacidade de representar tamanha complexidade.

Kboing – E a fase em que o rock se encontra? Como descreveriam? Ele perdeu um pouco de sua essência e se tornou 'modinha'?
Tony Belloto:
Ele perdeu um pouco da característica de contestação. Não é que virou "modinha". Mas está meio popão, meio gorducho, tipo Elvis em Las Vegas. Quem mete o dedo na ferida, atualmente no Brasil, são os rappers. Eles são os verdadeiros rockers.

Kboing – O público pode esperar uma turnê deste disco para quando?
Tony Belloto:
A partir de agosto, tão logo a Copa acabe, e antes que se iniciem as campanhas eleitorais…

Kboing – Quais os projetos para os próximos meses?
Tony Belloto:
Levar o Nheengatu para a estrada, divulgá-lo em rádios, tv e jornais. Guerrilha!

Kboing – Deixe um recado para a galera que curte o trabalho de vocês.
Tony Belloto:
Kboing! Nheengatu! Uhul!

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