(N) – Lavou o rosto numa folha cheia de orvalho. Mudou sua cor para cor-de-rosa, que ele achava a mais bonita de todas e saiu para o sol... Contente da vida! Meu amigo camaleão estava feliz, porque tinha chegado a Primavera. O sol, finalmente, depois de um inverno longo e frio, brilhava alegre no céu.
(C) – Eu hoje estou de bem com a vida! Quero ser bonzinho pra todo mundo...
(N) – Logo que saiu de casa o camaleão encontrou o Professor Pernilongo. O Professor Pernilongo toca violino na orquestra do Teatro Florestal.
(C) – Bom dia professor. Como vai o senhor?
Professor Pernilongo (P) – Bom dia camaleão. Mais o que é isso meu irmão? Por quê que mudou de cor? Essa cor não lhe cai bem. Olhe para o azul do céu. Bahh! Por que não fica azul também, heim?
(N) – O camaleão amável como ele era resolveu ficar azul como o céu de primavera. Até que numa clareira o camaleão encontrou o Sabiá Laranjeira.
Sabiá Laranjeira (S) – Eh aí camaleão, muito bom dia a você! Mas que cor é essa agora? Uai, mais tá azul porquê?
(N) – O sabiá explicou que a cor mais bonita do mundo era a cor alaranjada, cor de laranja, dourada. Nosso amigo bem depressa resolveu mudar de cor. Ficou logo alaranjado, loiro, laranja, dourado. E cantando alegremente, lá se foi ainda contente.
(C) – Lá, lá, lálálá, lá, lá, lá!
(N) – Na pracinha da floresta, saindo da capelinha, vinha o Senhor Louva-Deus mais a família inteirinha. Ele é um senhor muito sério que não gosta de gracinha.
Senhor Louva-Deus – Bom dia camaleão! Ohhh que cor mais escandalosa. Parece até fantasia para baile de carnaval. Você devia arranjar uma cor mais natural. Veja o verde da folhagem! Veja o verde da campina! Você devia fazer o que a natureza ensina.
(N) – É claro que o nosso amigo resolveu mudar de cor. Ficou logo bem verdinho e foi pelo seu caminho. Vocês agora já sabem como era o camaleão. Bastava que alguém falasse, mudava de opinião. Ficava roxo, amarelo, ficava cor de pavão, ficava de toda cor, não sabia dizer não! Por isso, naquele dia, cada vez que se encontrava com alguns de seus amigos e que amigo estranhava a cor com que ele estava... Adivinha o que fazia o nosso camaleão? Pois ele logo mudava. Mudava para outro tom. Mudou de rosa para azul, de azul para alaranjado, de laranja para verde, de verde para encarnado, mudou de preto pra branco, de branco ficou roxinho, de roxo para amarelo e até para cor de vinho.
Quando o sol começou a se por no horizonte, camaleão resolveu voltar para casa.
Estava cansado do longo passeio e mais cansado ainda de tanto mudar de cor. Entrou na sua casinha. Deitou para descansar e lá ficou a pensar.
(C) – Ehhh por mais que a gente se esforce não pode agradar a todos. Alguns gostam de farofa. Outros preferem farelo. Uns querem comer maça. Outros preferem marmelo. Tem quem goste de sapato. Tem quem goste de chinelo. E se não fosse os gostos o que seria do amarelo.
(N) – Por isso no outro dia, camaleão levantou bem cedinho.
(C) – Bom dia sol, bom dia flores, bom dia todas as cores!
(N) – Lavou o rosto numa folha cheia de orvalho. Mudou sua cor para cor-de-rosa, que ele achava a mais bonita de todas e saiu para o sol... Contente da vida!
Logo que saiu, camaleão encontrou o Sapo-Cururu que é cantor de sucesso na Rádio Jovem Floresta.
(C) - Bom dia meu caro sapo. Que dia mais lindo, não?
Sapo – Muito bom dia amigo camaleão. Mais que cor mais engraçada. Antiga, tão desbotada, por que você não usa uma cor mais avançada?
(N) – O camaleão sorriu e disse pro seu amigo...
(C) – Eu uso as cores que eu gosto e com isso faço bem. Eu gosto dos bons conselhos, mas faço o que me convêm. Quem não agrada a si mesmo não pode agradar ninguém.
(N) – E assim aconteceu o que eu acabei de contar. Se gostaram muito bem, se não gostaram azar!
compositores: Ruth Rocha
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