Acordo às cinco da matina,
Reclamando da rotina,
Dou um trato na faxina,
Vida dura de heroína,
Minha cara de caveira,
Vai abrir a geladeira,
Esqueci de fazer feira,
Vou fuçar lá na lixeira,
Uma espinha pro gatinho,
Pro cachorro um ossinho
Requentar o cafezinho
E sair apressadinho
Todo dia atrasada
Já estou acostumada
Condução sempre lotada
Vida dura de empregada
Pára o mundo
Que eu quero descer
Tem muito vagabundo
Atrás do meu jabaculê
A vida é uma sinuca,
Mas confio no meu taco
Meu borogodó
É do balacobaco
Minha patroa é estranha
Passa o dia só na cama
O marido bebe grana
A mais velha é piranha
A do meio é patricinha
O mais novo é mocinha
Meu lugar é na cozinha
Vida dura de fuinha
Motorista xavecando
Jardineiro azarando
Porteiro se assanhando
E vou logo avisando:
Meu amor é pra quem pode
Quem não pode se sacode
Pode amarrar seu bode
Com a minha cabra
ninguém fode
Pára o mundo
que eu quero descer
Tem muito vagabundo
atrás do meu jabaculê
A vida é uma sinuca, mas,
confio no meu taco,
Meu borogodó,
é do balacobaco
Sirvo a janta e vou embora
Já passou da minha hora
A buzanga que demora
Vem a chuva e piora
Caminhando na calçada
Medo de ser assaltada
Medo de ser seqüestrada
Medo de ser estuprada
Sou escrava independente
Ganho menos que indigente
Não posso ficar doente
Amanhã tô no batente
Vou rezar para Jesus
Aliviar a minha cruz
Meu buraco não tem luz
Vida dura de avestruz
Pára o mundo
que eu quero descer
Tem muito vagabundo
atrás do meu jabaculê
A vida é uma sinuca, mas
confio no meu taco
Meu borogodó
é do balacobaco
compositores: RITA CARVALHO, RITA LEE JONES CARVALHO, ROBERTO ZENOBIO AFFONSO DE CARVALHO
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