" Todo ano, dezenas, centenas, milhares de crianças são abandonadas.
Não, são jogadas mesmo nas ruas, nas praças, em todos os lugares à olho nú
pela sociedade e governo, que simplesmente fingem não ver o verdadeiro massacre
e o extermínio existente a cada dia, a cada hora, a cada minuto."
Vamos dançar o funk!
Vamos dançar o funk! O funk!
Vamos dançar o funk!
Vamos dançar o funk!
Vamos dançar o funk!
Salve crianças do centro, crianças da periferia
Crianças abandonadas se faz constante noite e dia
São inimigos do rei, da lei, do mundo atual
Papelões, moleques em trapo, decoram a capital
São crianças da gente, carente num mundo primitivo
Crianças cheias de sonho, nadando à beira do abismo
Pequenos homens ao léu, sem pai, sem mãe, sem nada
Tomadas como indigentes, fantasmas da madrugada
Famosos pivetes, muleques, filhos das ruas
Anjos das praças, mas a sina continua
Filhos, filhos, filhos, filhos das ruas
Filhos das ruas, mas a sina continua
Filhos, filhos, filhos, filhos das ruas
Filhos das ruas, mas a sina continua
Vamos dançar o funk! O funk!
Vamos dançar o funk!
Chacinas prosseguem como um filme sem corte
Onde a vida e a sorte seguem entre o azar e a morte
Meninos, meninas pelo mundo indo e vindo
Pedem socorro à sociedade que não lhes dá ouvido
Querem um lugar onde o leito seja feito só pra elas
Ao invés de viadutos, becos e vielas
Nossa esperança se encontra em luto absoluto
Numa nação que desrespeita o seu próprio estatuto
Se omite o governo, se omite a sociedade
Só que os dois são culpados, essa é a grande verdade
Filhos, filhos, filhos, filhos das ruas
Filhos das ruas, mas a sina continua
Filhos, filhos, filhos, filhos das ruas
Filhos das ruas, mas a sina continua
Em Sampa, no Rio, em qualquer parte do Brasil
Crianças morrem de fome, crianças morrem de frio
Sem direito ao lazer, cultura e educação
Se abre o acesso aos vícios e prostituição
E qual será o destino? O que está preservado?
Se em plena infância se vêem tão maltratados
A madrugada é tão fria, essa vida é tão crua
Deus salve todos os filhos das ruas
Filhos, filhos, filhos, filhos das ruas
Filhos das ruas, mas a sina continua
Filhos, filhos, filhos, filhos das ruas
Filhos das ruas e a sina continua
Salve crianças!
Da Candelária
Salve crianças!
Da Praça da Sé
Salve crianças!
Da Praça W Alves
Salve crianças!
Da Praça do Relógio
Salve crianças!
Rodoviária de Brasília
Salve crianças!
De todas as ruas
compositores: J C SAMPA, MAURICIO REGIO DOS SANTOS
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