Eu venho dos campos verdes onde canta a primavera
Sou a saudade primeira olhando os olhos do tempo
Sou água azul das cascatas que brota por sobre os montes
E o verdejante das matas brilhando no horizonte
Ai, sou herança dos rangidos das cancelas
E sobra de muitas guerras
Eu sou o rastro do boi na estrada de chão batido
E o carro nunca esquecido das carreatas que já fez
O cantar do quero-quero e o mugido da boiada
Estrela da madrugada na trilha de um camponês
Ai, sou herança do fogo de chão rasteiro
E lágrimas de um carreiro
Eu sou o véu da esperança de um sonho ainda menino
Sou alma de peregrino buscando o rumo da sorte
Sou ancião desta terra de cabelos prateados
E o grito desgovernado do vento que me governa
Ai ai ai ai, sou herança machado que corta fundo
Entre as entranhas do mundo
compositores: JOAO MIGUEL MARQUES DE MEDEIROS
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