Aquarela (feat. Camilla Faustino)
Numa folha qualquer, eu desenho um sol amarelo
E, com cinco ou seis retas, é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos, tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante, imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando a imensa curva norte-sul
Vou com ela, viajando Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela, branco, navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens, vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
E, se a gente quiser, ele vai pousar
Numa folha qualquer, eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América a outra, eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e, num círculo, eu faço o mundo
Um menino caminha e, caminhando, chega no muro
E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença, muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada, não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela, ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que, um dia, enfim
Descolorirá
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