Era quatro e meia, passava um pouquinho e um fosco clarinho rasgava o barjão, era o trem noturno que vinha apontando e logo parando na velha estação, meu corpo tremia, meus olhos molhados, o meu pai do lado e a mala no chão, beijei o seu rosto e disse na hora, o mundo lá fora me espera paizão, entrei o vagão, corri pra janela e a mala amarela do velho catei, o trem deu partida, soprou bruscamente e ali novamente sua mão eu beijei, um pouco pra adiante vi minha casinha e a minha mãezinha de pé no portão, ela não viu e no trem na corrida ouvi as latidas do velho sultão.
Um certo senhor da poltrona vizinha me dizia que vinha do paranazão e disse também de um jeito cortes, é a primeira vez que deixo o sertão, pedi seu conselho e ele me disse, seu moço a velhice é dura demais, eu sou bem mais velho e posso aconselhar é duro demais ficar longe dos pais, eu nunca esqueci o que o velho falou, o tempo passou e pra casa voltei, quem fica distante jamais se conforma lá plataforma meus pais avistei, desci comovido, abracei ele e ela, e mala amarela meu filho eu não vi?
Meu pai acredite na fala de um homem, pra não passar a mala eu vendi.
Que pena, que pena, era minha lembrança que eu trouxe de herança do seu avô, mais deixa pra lá, eu vou esquecer, a herança é você e você já voltou.
compositores: JOSE TRASFERETTI, JOSE ERBA
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