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Entrevista: Seychelles

14 de maio de 2009, 13h54, por Da redação, por Tatiana Pires

Na estrada há sete anos, a banda Seychelles, faz um som experimental e as letras das músicas são inusitadas. Parte da cena musical independente de São Paulo, o grupo já gravou um EP, dois discos e está em estúdio trabalhando no próximo álbum.

O guitarrista Fernando Coelho falou um pouco sobre a história da banda, os trabalhos feitos até agora e o que vem por ai...

Conheça um pouco sobre a banda Seychelles:

Kboing – Como a banda foi formada?
Coelho –
Seychelles se formou da nossa necessidade de subir ao palco e tocar repertório próprio. O Gustavo (cantor) me convidou pra guitarra e trouxe para o baixo o Renato, que convidou o Paulo pra bateria.

Kboing – O nome da banda Seychelles, surgiu como?
Coelho –
Veio do atlas geográfico. Seychelles é o nome de um arquipélago no Oceano Índico, na costa leste da África. Para nós, esse nome também simboliza um pouco da ambiguidade do ser humano, da beleza artificial dos cartões postais, das sujeiras e ganâncias por trás das pessoas. As Ilhas Seychelles são um dos maiores paraísos naturais que existem, abrigam os resorts mais caros do mundo (inclusive o Fernando Collor passou sua lua de mel por lá com a grana que roubou dos cofres públicos), mas também já foi palco de testes nucleares em alto mar realizados pela França.

Kboing – Como foi a produção do disco “Nananenen”?
Coelho –
A produção foi totalmente independente e acompanhada pelo nosso amigo Fabio Pinc, do estúdio “12 Dólares”. Planejamos em cima das nossas pré-gravações como dividir as captações em três etapas: no sítio do Fabio iniciamos o disco com as faixas mais acústicas e introspectivas; num home estúdio de um outro amigo, em São Paulo, ficamos acampados uma semana e gravamos quase todo o resto do disco. Deixamos apenas as baterias mais caprichadas e outras duas canções, que gravamos totalmente ao vivo, para um estúdio “bacanuda” aqui em Sampa também a FLAP. Foram gravadas ao vivo “Ansiedade e obsessão” e "Meu irmão é louco". A mixagem foi dividida entre nós e o Fabio. Já a masterização ficou a cargo do Carlinhos Freitas, da Classic Master.

Kboing – E por que o trabalho recebeu o nome de “Nananenen”?
Coelho –
Pelo grafísmo do nome e pelo caráter dúbio do conteúdo das nossas letras.

Kboing – Fale um pouco de cada álbum lançado pela banda.
Coelho –
Do nosso primeiro EP de 2003, passando pelo “Ninfa do Asfalto”, de 2005, e o “Nananenen”, de 2008. Todos foram gravados com a produção do Fabio, e fomos todos evoluindo juntos na ciência de se produzir um disco. É muito trabalho, muito conceito para explicar assim, rapidamente. Mas fazemos questão de por a mão na massa por completo, em todas as etapas do processo. Agora, para esse próximo trabalho, vamos tentar trabalhar com todos os nossos amigos e colaboradores, dos amigos de outras bandas ao pessoal da Reco Head (selo que lançou o Ninfa do Asfalto) para fazer o resultado final ficar o melhor possível. Sem a ajuda dos amigos, o Seychelles não teria chegado até aqui.

Kboing – As músicas são compostas por algum membro da banda? Onde vocês buscam inspiração para as letras?
Coelho –
Sim, todos na banda contribuímos e escrevemos. Nas letras, costumamos mudar o método constantemente: algumas surgem na criação do som, outras precisam ser debatidas entre nós para acertar o tema que tenha coerência com o som ou que encaixe em alguma melodia sussurradas em algum idioma maluco.

Kboing – Vocês têm outros projetos musicais além do Seychelles?
Coelho –
Temos muitos projetos, é uma lista tremenda. Eu toco guitarra no quinteto instrumental mais insano de São Paulo, o “Mamma Cadela”, e com Renato divido o palco com o “Heroes”, onde homenageamos o David Bowie. O Paulo toca no Ludov, que logo estará lançando um baita disco, dos bons. O Gustavo gravou com o Renato três discos solo (“A Carruagem”, “Sangralove” e “Ancestral”), todos disponíveis para download no nosso site (sey.art.br). No último, “Ancestral”, eu participei bastante tocando guitarra, violão, teclados...Gustavo também mantém com a cantora Monique Maion o “Sunset”, um belo projeto de jazz folk rock. Esse último foi lançado pelo site SP Sonica (spsonica.com/sunset).

Kboing – Quais são os próximos passos da banda? Já estão produzindo um novo álbum?
Coelho – Estamos gravando sozinhos o nosso próximo disco. Pré produzimos 30 novos sons e estamos trabalhando em boa parte deles no nosso próprio estúdio, que chamamos carinhosamente de “Migué Studio”. Mas estamos, principalmente, lutando contra a mesquinharia da humanidade e nos esforçando para melhorar como indivíduos a cada dia.

Kboing – Mande um recado para as pessoas que curtem o som da banda.
Coelho –
Muito obrigado por passar algum tempo nos ouvindo, sintam-se acompanhados por nós, pois cada três minutos de música que estão ouvindo foram boas horas de suor na frente do computador compondo, gravando, distribuindo...muito obrigado, de coração. O Seychelles é uma relação de puro amor com a música.

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