Slackline mantém casal em equilíbrio

12 de junho de 2015, 16h20, por Alexandre Murari
Divulgação

Aquela vontade de ficar na cama uns minutinhos a mais, ou a fome que surge inesperadamente durante o dia, são alguns sintomas gerados pela chegada do inverno. O fato da estação mais fria do ano ter dias mais longos e temperaturas mais baixas, nos proporciona uma ótima sensação de conforto ao ficarmos agasalhados em nossas camas. É pela necessidade de se manter aquecido que o nosso metabolismo acaba gastando mais energia e, logo, somos obrigados a comer mais.

Foi pensando em se livrar desses males causados pelo aumento de peso e o sedentarismo que o educador físico, jogador de basquete e personal trainer, Heverton Batista, convenceu sua noiva, a técnica em radiologia, Bruna Cervantes, a praticarem o slackline - esporte no qual o praticante precisa se equilibrar em uma fita suspensa a 30 centímetros do chão. O intuito do esporte, que praticam juntos há mais de um ano, é manter de maneira ativa e saudável a harmonia entre corpos, mentes e em especial: o relacionamento!

Fábio Bérgamo

O ESPORTE

O slackline foi criado na década de 1980 nos campos de escalada do Vale de Yosemite, nos Estados Unidos. "Escaladores que procuravam mais aventuras entre uma escalada e outra resolveram esticar uma fita entre dois pontos fixos para realizarem manobras sobre elas", conta Heverton que encontrou no esporte uma maneira de se preparar física e mentalmente para as outras atividades físicas que realiza. Com o decorrer do tempo o esporte ganhou o mundo e, hoje em dia, slackers (nome dado a quem pratica) podem ser encontrados em várias praças e parques do Brasil.

A evolução do esporte exigiu que fossem organizadas competições em todo o mundo e, consequentemente, novas modalidades apareceram. Atualmente existem quatro tipos: Waterline, Highline, Longline e o Trickline - modalidade mais popular, a mesma praticada pelos noivos. O equipamento apropriado para a prática do Trickline é composto por uma fita elástica de cinco centímetros de largura por 15 metros de comprimento e uma catraca ajustável, que é responsável por esticar e travar a fita. Bruna atenta que ao esticar a fita entre duas árvores "é preciso utilizar capa protetora para não prejudicar os troncos e conferir se elas (as árvores) são resistentes e têm raízes profundas".

O casal indica que para evitar quedas bruscas, o ideal é suspender a fita a uma altura de 30 centímetros do chão e escolher lugares que absorvam o impacto - areia ou grama. No começo, se equilibrar na fita não foi muito fácil para ela, que confessou precisar de algumas dicas do noivo que já praticava o esporte: "Ele me instruiu para colocar o pé inteiro em cima da fita, manter os joelhos semi-flexionados e manter os braços abertos com a palma da mão virada para cima".

Por ter conhecimento em atividades físicas, Heverton alerta que "o slackline desequilibra o praticante a todo o momento, exigindo que a pessoa foque um ponto fixo e force músculos de todo o corpo para conseguir concentrar no que está fazendo". E assim como qualquer atividade física, o educador aponta que aquecer e alongar o corpo antes da prática é essencial para evitar lesões e alcançar um bom desempenho. 

BENEFÍCIOS NO CORPO HUMANO

"Parecia que eu tinha feito três horas seguidas de academia". Foi assim que Bruna descreveu sua primeira experiência com o esporte.  "Sinto o esforço em boa parte da região do tronco, desde os músculos abdominais até a parte inferior das costas, muito bom para quem não se adapta com os trabalhos localizados de academia", completou a jovem.

Heverton explica quais as partes do corpo que o esporte mais trabalha e as razões da harmonia. "O slackline explora músculos que às vezes são 'esquecidos' por nós. Como por exemplo os dos pés, panturrilha e coxa. Toda parte dos membros inferiores também precisam atuar para manter o equilíbrio. Por estar em uma base instável, o esporte exige certa harmonia entre todas as regiões do corpo, explorando especialmente a Propriocepção".

A propriocepção é a capacidade que mantém a comunicação entre nosso Sistema Nervoso Central e os membros do corpo humano. Músculos, ligamentos, articulações, tendões e pele carregam receptores que trocam informações com o SNC. Um exemplo que explica esse processo é que quando estamos caindo, nosso corpo, percebendo a queda, rapidamente avisa o cérebro e instintivamente, fazemos algum movimento para nos mantermos em pé ou diminuir o impacto que está por vir.

Além de trabalhar e fortalecer essa comunicação, o esporte também contribui para diminuir o estresse, já que o nível de concentração exigida é alto. Logo, a pessoa concentrada em se manter na fita, dedica-se totalmente na execução do movimento e ‘deixa de lado’ outros problemas, aliviando a tensão.

Fábio Bérgamo

A DOIS

Os pombinhos são unidos pela atividade física desde o início do relacionamento. "Nos conhecemos na academia onde Heverton trabalhava. No começo foi só amizade, mas conforme o tempo foi passando, fomos nos vendo para andar (no slackline) e acabou rolando", relata Bruna ao lembrar que foi nos encontros para praticar slackline que o relacionamento se estabilizou.

Além de aumentar a interação entre o casal, que se ajudam desde o carregamento do equipamento, na montagem e durante a prática, o esporte também proporciona uma disputa saudável entre os dois. "Nós sempre nos desafiamos para executar algumas manobras ou permanecer determinado tempo sobre a fita. Isso é bom, aumenta a autoconfiança e desperta a vontade de superar limites", destacou Heverton.

"Normalmente eu perco a maioria dos desafios, já que ele é mais experiente, mas eu busco me esforçar sempre para não ficar muito atrás e ele sempre me dá forças e dicas", completou a noiva.

Outro ponto importante da prática do slackline é o fato do esporte ser realizado ao ar livre. "Querendo ou não, estar em um parque ou em uma praça ajuda muito na sensação de bem-estar. Sentir o vento aumenta a sensação de estar viva! Nada melhor que estar com quem a gente gosta, cuidando da saúde e se sentindo próximo da natureza", afirmou Bruna. O casal também destacou a prática de mais atividades físicas, como a corrida, musculação e o ciclismo envolvendo outros apaixonados e o quanto isso faz bem para a relação.

"Conheço casais que treinam e até participam de competições juntos, o interessante é que a motivação mútua faz com que os atletas busquem orgulhar não só a si mesmo, mas sim o companheiro, isso influencia positivamente nos resultados", finalizou Heverton.

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